Painel na Expointer discute panorama da febre aftosa
A Divisão de Defesa Sanitária Animal promoveu nesta quarta-feira (30) um painel sobre febre aftosa que discutiu o panorama da enfermidade no mundo e no Rio Grande do Sul, sua importância para o comércio global de mercadorias, além de novas estratégias de erradicação propostas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
médico veterinário Bernardo Todeschini, do Ministério, apresentou um panorama mundial do combate à aftosa. Desde 1996, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) adota o reconhecimento oficial de zonas livres de febre aftosa, o que garante a qualidade da carne comercializada mundialmente. As zonas livres da doença são divididas em países com ou sem vacinação dos animais. “Os países mais desenvolvidos que são zonas livres não têm mais vacinação, são mercados bem exigentes. A ausência da vacina expressa uma maior segurança do Serviço Veterinário no controle da enfermidade”, destacou.
Para que a América do Sul consiga status sanitário sem vacinação, Todeschini diz que é essencial a prevenção, através da fiscalização de pontos de introdução e pelo diagnóstico precoce. “É fundamental que as cadeias produtivas envolvidas discutam o tema, reunindo situação atual, ciência, tecnologia, visão mercadológica e oportunidades futuras”, finalizou.
O chefe da DSA, Fernando Groeff, apresentou dados sobre a situação atual da febre aftosa no Rio Grande do Sul, que reconquistou o status de livre da doença com vacinação em 2002. Em 2016, as fiscalizações referentes à vacinação envolveram 22 mil propriedades e 810.000 animais, além de 7 mil fiscalizações em agropecuárias com vacina anti-aftosa. “Evitar a reintrodução do vírus da aftosa é um compromisso comum entre Serviço Oficial, produtores, indústria e consumidores”, ressaltou.
Em seguida, Eliana Lara, chefe da Divisão de Febre Aftosa e Outras Doenças Vesiculares do MAPA apresentou, em primeira mão, a versão finalizada do Plano Estratégico do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa, um cronograma de ações previstas para os próximos dez anos que será lançado em Brasília no final de setembro. “A ideia não é apenas a retirada gradual da vacinação, mas revisar as bases técnicas e estratégicas do programa nacional, fortalecimento do Serviço Veterinário Oficial, ampliar capacidades e modernizar o serviço. A retirada da vacinação será uma consequência disso”, detalhou.
Eliana lembrou que a última revisão do programa foi feita em 1992, quando mudou-se a estratégia de controle para erradicação. “Também foi nessa época que foi fortalecida a vacinação massiva e sistemática dos animais”, completou.
A meta de transformar o Brasil em zona livre de aftosa sem vacinação prevê a suspensão da imunização a partir de 2021 nos estados do Sul. De acordo com a chefe do Programa, isso vai trazer consequências importantes no planejamento de atividades das unidades veterinárias locais. “Durante seis meses ao ano, as unidades locais ficam empenhadas com vacinação. Essa retirada vai trazer mudanças profundas no modo de trabalho”, concluiu.