Por um divisor de águas para o enfrentamento da…
Precisamos de ações governamentais firmes
Somos reféns, em especial nossa produção primária, dos efeitos de uma estiagem recorrente, que não podemos controlar por ser um fenômeno natural e que acaba por assolar as lavouras gaúchas. Porém está claro que temos de arregaçar as mangas, sociedade civil e poderes públicos constituídos, para elaborarmos mecanismos de prevenção, situação já verificada em outros países pelo mundo, que possuem formas de sucesso no enfrentamento dos efeitos climáticos.
Precisamos de ações governamentais firmes, que aportem investimentos para a construção de cisternas, açudes e mecanismos de irrigação , bem como a implantação de barragens para que se tenha efetivamente um programa de governo e não medidas emergenciais. A flexibilização de licenças ambientais é outra medida urgente.
Ao verificarmos a situação dos municípios gaúchos, que decretaram emergência por não terem condições de manter a produção primária pela ausência de chuvas, a Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, em conjunto com a Comissão de Representação da Casa, oficiou uma série de pleitos aos governos estadual e federal, que prometeram medidas. Ações como liberação de recursos emergenciais e aplicação de mecanismos de comercialização são essenciais, e verificamos o esforço dos governos para realizá-los, mas é necessário muito mais. O ponto em questão é focarmos em um processo de construção de uma política que se transforme em um programa permanente de enfrentamento da estiagem.
Tal iniciativa passa pelo investimento pesado em sistemas de irrigação, para permitir, aos agricultores de todos os tamanhos, acesso a este tipo de mecanismo, tão eficiente em países que já o adotam. Temos de encarar a irrigação como um investimento na garantia de renda ao produtor, sob pena de vivemos eternamente em um cilclo vicioso, onde a falta de ações efetivas causam sérios prejuízos à atividade primária e, em consequência, ao desenvolvimento do Estado como um todo. Investimentos pesados em geração de energia para garantir o uso destes novos equipamentos essenciais à nossa realidade não podem ser sonegados.
De outra parte, devemos concentrar nossos esforços também na consolidação do sistema de um seguro de renda, para que o agricultor obtenha mais recursos para a subvenção da lavoura, a fim de eliminarmos as intermináveis renegociações de dívidas e a prorrogação das mesmas. Acreditamos que a criação de um fundo garantidor de renda é uma boa proposta, que serviria também como forma de estimular a permanência do homem no campo e a sucessão rural. Temos a cumprir uma série de ações que se interligam e compõe os gargalos da agropecuária gaúcha. Se as estiagens recorrentes não podem ser eliminadas, precisam ser enfrentadas com ações inteligentes, ousadas e de Estado.
Ernani Polo – Deputado Estadual PP
Presidente da Comissão de Agricultura da AL-RS