RS é o segundo estado brasileiro com maior número…
O Rio Grande do Sul é referência na produção de cervejas artesanais, com 285 microcervejarias instaladas, espalhadas em 126 municípios. Com isso, é o segundo estado com maior quantidade de estabelecimentos. Neste cenário, a capital gaúcha ganha destaque nacional: Porto Alegre é a segunda cidade com mais cervejarias no Brasil, com 43 fábricas registradas. Além disso, estima-se que o estado possua cerca de 300 “cervejarias ciganas”, termo usado para denominar marcas que não possuem fábrica própria e produzem de forma terceirizada.
O setor também tem grande relevância economicamente. Segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), as microcervejarias geram 54% das vagas de emprego do segmento no país. Porém, são responsáveis por cerca de 3% das cervejas produzidas no Brasil, o que indica um amplo espaço para crescimento, de acordo com o presidente da Associação Gaúcha de Microcervejarias, Filipe Bortolini.
“Geramos mais empregos em relação às grandes, mas ainda temos que melhorar no aspecto da produtividade, pois somos um mercado novo, em crescimento e que tem muito a evoluir, mas estamos no caminho certo”, salientou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do RS, Ernani Polo, disse que acompanha o setor há muito tempo e afirma que é notória a evolução e a inovação do segmento. “A produção do Rio Grande do Sul é de altíssima qualidade e destaca-se em nível nacional pela qualidade e volume produzido nas micro e pequenas cervejarias. É uma área que gera muito emprego e que naturalmente precisa de melhor competitividade e exatamente nessa linha que estamos trabalhando”, ressaltou.
Polo acrescentou que reconhece todo o esforço do setor, que vem colocando o estado em premiações nacionais e internacionais pela qualidade dos produtos. “Isso demonstra a capacidade dos nossos empreendedores gaúchos nos colocando como um Estado referência nessa produção, aquecendo o mercado, impulsionando o turismo, melhorando a economia, gerando emprego e ajudando o desenvolvimento do estado, é um setor que tem todo o nosso apoio e o nosso respaldo”, enfatizou.
Produção gaúcha premiada
Um ponto de destaque é a qualidade e diversidade das cervejas produzidas. Os estilos Pilsen, IPA, Stouts, RED ALE, APAS, Weiss são as mais produzidas no RS, sendo a Pilsen a mais vendida. Não é por acaso que as microcervejarias gaúchas estão entre as mais premiadas do país, tendo duas fábricas já destacadas por cinco vezes com o título de melhor do Brasil no Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau (Tupiniquim três vezes e Alem Bier, duas vezes), no qual a Cervejaria Suricato Ales também foi premiada como melhor cervejaria brasileira de pequeno porte em 2019. “As premiações de Melhor Cervejaria do Brasil nos certificou pelo trabalho que realizamos e pela qualidade que sempre buscamos e almejamos e este reconhecimento chancela a nossa produção”, diz Christian Bonotto, da cervejaria Tupiniquim.
Além disso, o setor traz consigo grande potencial de fomento ao desenvolvimento econômico do Estado, tendo em vista também as possibilidades de estímulo ao turismo, por meio da criação de rotas cervejeiras, que se consorciam aos eventos, fortalecendo setores como de transporte, gastronomia, hoteleiro, entre outros.
“É muito importante essa questão das rotas cervejeiras, mas é preciso avançar, divulgar e iniciar um processo para trabalho conjunto que possa estimular as microcervejarias, o consumo e também ações relacionadas ao turismo”, completa Bortolini.
Uma possibilidade de também desenvolver mais o setor é o fomento à produção de lúpulo no Estado, o que baratearia um dos principais insumos utilizados na produção cervejeira. No Brasil, a produção saltou de nove toneladas de lúpulo, em 2020, para 24 toneladas, em 2021, conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), um crescimento de 160%. Segundo Filipe Bortolini, “Já existem iniciativas no Estado que estão evoluindo a cada ano. Com apoio público e de instituições de pesquisa, como a Embrapa e Emater, podemos acelerar esse processo e criar variedades adaptadas ao clima local e com características únicas”, avalia o dirigente.
Incentivos via Fundopem possibilitam crescimento ao setor
Um mecanismo governamental que está sendo utilizado também pelo setor para implementação de unidades ou incremento em já existentes é o incentivo via Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem), coordenado pela secretaria do desenvolvimento econômico do RS (Sedec). No RS, já temos duas microcervejarias incentivadas: a Salva, do município de Bom Retiro do Sul, com projeto apresentado em 2016 com incentivos de R$ 5,4 milhões e 25 empregos diretos gerados inicialmente.
“O Fundopem é fundamental, seria difícil inclusive investir sem ele, pois aqui na Salva só conseguimos multiplicar os empregos sem esse apoio do governo. Investimos quase R$6 milhões, o que só foi possível por meio do Fundopem. A nossa empresa saltou de pouco mais de 20 empregos para quase 100, impactando também nosso faturamento que foi ampliado em cinco vezes”, ressalta o presidente da microcervejaria Salva, João Giovanella.
A Blauth Bier, de Farroupilha é outro projeto em andamento, também em ação apresentada em 2016, com inventivos de R$ 400 mil e nove empregos diretos gerados inicialmente. Ambas indicativas estão atualmente na fase de fruição do benefício do programa.
O Fundopem é um incentivo à indústria que não libera recursos financeiros para as empresas, no entanto, apoia por meio do financiamento parcial do ICMS incremental devido gerado a partir da sua operação. As empresas vão usufruir de benefícios via Fundopem convertidos no abatimento de parte do ICMS incremental oriundo da comercialização dos produtos fabricados. O percentual de desconto varia de acordo com o enquadramento do projeto no incentivo e pode atingir até 90%. Foi criado na década de 1970 e passou por revisão em 2021.
POR ALEXANDRE FARINA / ASCOM-SEDEC